Em tempos onde muitos jogos são desenhados para arrancar cada vez mais dinheiro dos gamers, para ganhar prêmios e se tornar um clássico instantâneo ou criar um ambiente competitivo de fazer inveja a outros esportes não digitais, não é estranho que “Last Story” para Wii tenha passado despercebido. O que Hironobu Sakaguchi (com a ajuda de Nobuou Uematsu) entrega é um jogo feito com o coração, com cuidado nos detalhes e preocupação em entregar uma experiência completa aos fãs. Last Story com certeza é um dos melhores JRPG já feitos.
O gameplay é mais focado em ação do que as crias anteriores de Sakaguchi, uma tal série conhecida por “Final Fantasy”. O seu personagem pode ser livremente controlado no mapa de batalha, e o ataque básico pode ser realizado simplesmente apertando um botão continuamente (o jogo permite varias configurações de controle, inclusive uma com ataque automático). Logo no começo da aventura, o personagem principal Zael recebe uma habilidade chave para o decorrer do jogo: chamada de “Gathering”, o herói pode “chamar a atenção” do inimigo para si e virar o alvo principal dos adversários. Essa habilidade permite com que outros guerreiros do grupo se posicionem melhor para desferir ataques especiais e magias, além de permitir que também Zael possa executar outras habilidades ganhas no decorrer do jogo. Uma dessas habilidades, por exemplo, tem um caráter “stealth” que potencializa o dano quando um inimigo o perde de vista. Atacar diretamente os adversários não é o único meio de vencer, já que durante as batalhas é possível encontrar uma viga mais enfraquecida e ordenar que algum mago do grupo a derrube ou utilizar de bombas espalhadas pelo mapa para sair vitorioso. Zael também utiliza de um “crossbow” como arma secundaria que quando acionado transfere a perspectiva do jogo para uma visão “over the shoulder”.
As primeiras batalhas podem até ser confusas no começo, mas rapidamente é possível se adequar ao esquema de luta inovador e divertido. Percebe-se no entanto que após parte do jogo é possível abusar em excesso de algumas habilidades e no fundo, usa-se uma ou duas de maneira mais recorrente.
Last Story conta a historia de um grupo de mercenários em missão na ilha de Lazulis. Logo sua primeira empreitada na ilha, Zael sofre um incidente e acaba ganhando em sua mão a marca do “Outsider”. Depois, durante uma simples missão de guarda no castelo real da ilha, o grupo acaba envolvido numa antiga batalha entre humanos e raça Gurak. A trama se desenvolve e fica claro que existem diferentes intenções referentes ao conflito.
A história do jogo contém ingredientes de romance, aventura, ação e comédia que convergem e criam uma trama linda e profunda. O jogo é dividido em capítulos, passando a sensação de livro interativo para esse épico de fantasia.
Os personagens são o ponto alto do jogo. Eles são criveis, são pessoas introspectivas ou extremamente simpáticas, são engraçados ou sisudos, galanteadores ou inocentes. Cada qual tem sua personalidade bem definida, mas não são estereotipados. Os personagens conduzem a historia de maneira tão sublime que chega a ser impossível não se importar nem mesmo com o menos importante do elenco. Regidas pela trilha sonora de Uematsu, temos cenas das mais verdadeiramente românticas e dramáticas que um game já entregou.
Last Story é um jogo sensacional de linda história que conta com um grupo de personagens muito bem escritos, emaranhados por um ótimo gameplay. É um jogo que fideliza quem joga por conseguir tocar emoções que muitos não conseguem. Em tempos de jogos com verba e ritmo cinematográficos, quem realmente merece o Oscar é Last Story.
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