O universo de games indies vem crescendo muito nos últimos anos. Seja pelo preço acessível, acessibilidade das ferramentas de criação de jogos ou pela qualidade dos mesmos, essa categoria tem um vasto repertorio nas lojas online de consoles e, principalmente, na plataforma para PC STEAM.
Os indies estão espalhados em diversos gêneros de games, mas é nítido que encontraram no gênero dungeon crawler/roguelike a principal maneira de se popularizarem. Original Journey é um desses bons jogos que se inspira em Rogue Legacy e Binding of Isaac, mas que infelizmente sente falta de um elemento único para se distanciar dos vários clones da categoria.
História:
O jogo conta a historia da raça alienígena chamada Ato (vegetais sencientes) em busca de recursos para salvar o seu planeta natal da destruição. Acreditando terem encontrado a solução no planeta Shadow, os Ato montam um acampamento bélico no mesmo e partem em busca do material que, acreditam, vá revitalizar seu planeta de origem. Como um jovem soldado desse exercito, cabe a você explorar e expandir suas forcas nesse planeta habitado por criaturas violentas e outros alienígenas misteriosos. A historia de Original Journey não chega a ser tão original assim.
Com diálogos pouco inspirados de personagens pouco carismáticos, a história desenrola de maneira fluida mas sem muito impacto. Não é uma premissa que jogos dessa categoria tenham que ter temática profunda ou ter conteúdo profundo suficiente para virar um filme, mas ter algum alicerce que te prenda (seja um personagem ou um plot twist) nunca é demais. Porém, o enredo mediano não tira a beleza artística do game.
Visuais:
Os cenários (desenhados a mão) tem uma beleza própria e encaixam muito bem o estilo do jogo. A ausência de cores mais vivas e escolha de tons mais escuros ou pastéis passa uma sensação de “desconhecido”, uma curiosidade em saber como sera o próximo cenário gerado.
Destravando novas áreas além da genérica floresta e da base militar, percebe-se uma coesão no mundo criado, os ambientes são diferentes mas passam a sensação de que fazem parte do mesmo planeta mas de biomas diferentes. O design dos inimigos também agrada, que na maior parte das vezes são derivados de insetos conhecidos, como moscas e aranhas, mas bem mais detalhados, em versões mais violentas e demoníacas. A música mescla-se bem no clima do jogo, assim como os efeitos sonoros.
Gameplay:
O gameplay segue a tendência do resto do jogo – entre erros e acertos, a jogabilidade é satisfatória mas pouco inspirada. Assim como na maioria dos outros roguelike, você começa o jogo em um ambiente seguro, uma base comum onde se pode aprimorar os equipamentos e armaduras, comprar novas armas, ganhar novas habilidades (aqui representadas por turrets e drones) e desenvolver um outro ponto da progressão do jogo que não seja bombardear os inimigos.
Os cenários de batalha são gerados de maneira aleatória, tornando cada playthrough único (na teoria). O objetivo primordial de cada mapa é eliminar todos os inimigos da maneira que mais lhe agradar: atirando com ambas as armas que pode carregar, criando turrets para te ajudar, deixando com que seu drone faça o trabalho sujo ou ainda tendo a ajuda do mapa quando os mesmos são gerados com um veículo ou outros Ato que o ajudam na carnificina.
O problema é que não existem muitas variações de cenários nos diferentes ambientes do jogo e facilmente durante uma jogatina de meia hora você ira esbarrar em terrenos já conhecidos. Os inimigos até tem mecanismos de ataques diferentes, mas a maioria segue um padrão de ataque muito similar: ou atiram ou vão de encontro ao seu personagem.
No fundo, o gameplay é muito básico e pouca coisa nova acontece cada vez que você busca explorar mais do planeta Shadow, não existe uma característica única na mecânica do jogo que o vá prender por muito mais que uma hora em cada jogatina. As lutas contra chefes tem um grau mais elevado de desafio, mas não são o suficiente pra manter o interesse por muito tempo.
Faço aqui uma ressalva antes das considerações finais: o Galaxia Nerd teve acesso a uma versão antecipada do jogo. Essa versão tinha graves problemas de balanceamento no drop rate de itens (como munição) e de inimigos, o que causava uma necessidade chata de subir alguns níveis do personagem antes de progredir de maneira adequada.
No entanto, duas atualizações (uma antes outra após o lançamento) corrigiram esses problemas mais graves que com certeza impactariam a nota final do jogo. A beleza dos jogos indies também está nisso: feedback dos jogadores é assimilado e resolvido bem mais rápido do que feito pelos grandes estúdios.
Original Journey é mais um dos vários jogos do estilo roguelike, que oferece diversão rápida e acessível para qualquer gamer. Um estilo de arte único e agradável misturado a um gameplay genérico e que não conta com nenhuma característica relevante. Vale os R$19,19 da oferta da STEAM a que esta sendo vendido atualmente, mas não espere muito de quem te cobra pouco.
Agradecimentos à Another Indie por nos fornecer o código de acesso para o review do jogo!
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