Na era das novidades constantes, a “cultura do hype” se tornou um fenômeno importante na mídia e no consumo. Filmes, séries, jogos e produtos tecnológicos vivem uma intensa antecipação, muitas vezes impulsionada por campanhas de marketing e influências sociais. Mas como o hype afeta a experiência e a percepção do consumidor?

Comecemos lá de trás, o termo “hype” se refere à criação de grandes expectativas em torno de lançamentos ou eventos, alimentadas por publicidade, redes sociais e o boca a boca. Derivado da palavra “hyperbole”, que significa exagero, o hype ganhou destaque na década de 1950, inicialmente ligado a promoções excessivas. Com o tempo, passou a abranger a expectativa e o entusiasmo que cercam lançamentos da cultura pop.
Atualmente, o hype é uma ferramenta poderosa usada por empresas para gerar expectativa e excitação. Teasers, trailers e campanhas nas redes sociais moldam a narrativa em torno de um lançamento, transformando-o em um evento social. Essa estratégia faz com que os consumidores fiquem ansiosos para discutir teorias e compartilhar expectativas, aumentando as vendas e a lealdade à marca.
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Estúdios como a Marvel se especializaram em construir universos interconectados, mantendo o público engajado por anos e fazendo de cada novo lançamento um grande evento.
Por outro lado, é crucial que as empresas equilibrem essa expectativa, pois promessas não cumpridas podem levar a decepções e críticas. A cultura do hype ativa vários gatilhos psicológicos que influenciam o comportamento do consumidor. O FOMO (Fear of Missing Out), ou medo de perder algo, faz com que as pessoas ajam rapidamente para não perder oportunidades consideradas únicas.
O princípio da escassez torna produtos ou eventos limitados mais valiosos, gerando uma urgência que estimula compras impulsivas. A prova social, ou a observação do entusiasmo dos outros, também desempenha um papel significativo, motivando as pessoas a participar para não ficarem de fora da conversa. Por fim, a validação social aumenta o desejo de pertencimento a grupos, unindo consumidores em torno de produtos que promovem uma identidade coletiva.
Esses gatilhos se combinam para criar um ambiente onde a antecipação e o entusiasmo se tornam quase irresistíveis. Diante disso, é importante refletir sobre os benefícios e malefícios dessa cultura do hype. Ao longo desta matéria, discutiremos os impactos do hype na experiência do consumidor e apresentaremos estratégias para controlar a emoção e a expectativa, promovendo uma abordagem mais consciente e equilibrada no consumo.

A cena de “500 Dias com ela” ilustra como os gatilhos emocionais podem criar uma disparidade entre nossas expectativas e a dura realidade
Benefícios da Cultura do Hype
- Impulso Econômico para a Indústria
Quando bem executado, o hype é uma ferramenta poderosa que impulsiona vendas e maximiza a audiência de um produto antes mesmo de seu lançamento. Isso é especialmente verdade para filmes de grande orçamento e lançamentos de games, que frequentemente investem milhões em marketing.
O sucesso de Vingadores: Ultimato, por exemplo, é parcialmente atribuído ao hype cuidadosamente construído pela Marvel, resultando em recordes de bilheteira global. - Experiência Coletiva e Envolvimento Social
O hype cria um senso de comunidade e pertencimento. A antecipação em torno de lançamentos importantes leva as pessoas a compartilharem teorias, expectativas e memes, unindo-as em uma experiência comum. Filmes e jogos com campanhas bem-sucedidas se tornam eventos sociais.
Durante o lançamento de Game of Thrones, a série era amplamente discutida em rodas de amigos e redes sociais, conectando fãs que compartilhavam cada detalhe. O lançamento de Harry Potter também ilustra isso, com eventos que atraíam multidões e criavam experiências compartilhadas. - Inovação e Qualidade
Um alto nível de hype pressiona as empresas a elevar a qualidade de seus produtos. A competição por atenção leva estúdios e desenvolvedores a criar produtos mais inovadores, seja em gráficos e jogabilidade nos jogos, seja em roteiros e efeitos especiais nos filmes.
Avatar resultou em avanços significativos na tecnologia de efeitos visuais, enquanto a expectativa em torno de The Last of Us Part II fez com que a Naughty Dog aprimorasse ainda mais a narrativa, recebendo aclamação da crítica e prêmios.

A necessidade de pertencimento muitas vezes supera o senso de razão, levando os consumidores a enfrentar longas filas por horas, em busca de uma conexão com a comunidade e a sensação de estar na vanguarda das tendências.
Problemas da Cultura do Hype
- Expectativas Irreais e o Risco de Decepção
Um dos maiores riscos do hype é criar expectativas tão altas que acabam sendo impossíveis de cumprir. Quando o produto final não atende ao que foi prometido, a decepção pode ser grande.
Cyberpunk 2077, por exemplo, foi promovido como uma revolução nos games, mas seu lançamento revelou problemas técnicos, especialmente em consoles da geração anterior, frustrando muitos jogadores. - Consumismo Acelerado e Obsolescência Programada
A cultura do hype incentiva um consumo rápido e impulsivo, promovendo a ideia de que é preciso comprar ou consumir imediatamente para não perder nada. Com a rápida sequência de lançamentos de novos produtos, o conteúdo tende a ser descartado rapidamente, já que o “próximo hype” está sempre à espreita.
Isso pode levar à obsolescência programada e à criação de conteúdo que não se sustenta por muito tempo. - Marketing Manipulativo e Exclusividade Forçada
Muitas campanhas de hype são construídas para criar uma falsa sensação de exclusividade, fazendo com que os consumidores sintam que precisam adquirir algo imediatamente, antes que a oportunidade desapareça. Esse tipo de marketing gera o FOMO, ou medo de perder uma chance única. Essa estratégia é comum em lançamentos de tecnologia e edições limitadas, levando ao consumo impulsivo.

Controlar o hype é o primeiro passo para uma vivência mais consciente.
Dicas para Aproveitar o Hype de Forma Consciente
A cultura do hype não precisa ser um problema, desde que a abordagem seja equilibrada. Aqui estão algumas dicas para aproveitar o hype sem cair nas armadilhas do consumismo impulsivo:
- Pesquise Antes de Comprar: Antes de mergulhar de cabeça em um produto que está em alta, pesquise sobre ele. Verifique opiniões de especialistas e avaliações independentes para criar expectativas mais realistas e a evitar decepções.
- Aproveite a Experiência Coletiva: Parte da magia do hype é a experiência social que ele cria. Participar de discussões online, memes e interações com outras pessoas que compartilham o entusiasmo pode tornar a experiência muito mais divertida e enriquecedora. Tome cuidado pra não enviesar a sua decisão.
- Valorize o Tempo: Lembre-se de que nem tudo precisa ser consumido imediatamente. Produtos de qualidade real permanecem relevantes ao longo do tempo, então não há necessidade de se apressar. Cada um tem seu processo.
A cultura do hype é um fenômeno social complexo, cheio de altos e baixos. Ela gera uma sensação única de antecipação e pode enriquecer a experiência de consumo, desde que o entusiasmo venha acompanhado de uma visão crítica e realista. Com o crescimento do marketing digital e a interatividade das redes sociais, o hype continuará a moldar o cenário cultural e o comportamento dos consumidores. A chave para aproveitá-lo de forma saudável é encontrar um equilíbrio entre a excitação coletiva e o discernimento pessoal.
Um pouco sobre o Autor.
Wilson Negreiros é Fundador do CINEMAO – Clube de cinema Manauara, Host do Vozes na Cabeça Podcast, Co-apresentador do Programa Vitaminada na Rádio 87,9FM, Voz das Comunidades, muito fã do Nigthwing, Tokusatsu e Power Rangers e RPGs Steampunk. Roteirista, aspirante a escritor, Produtor, casado com a Vânia e Pai de Lorenzo e Cecília, dois nerdinhos legados nesse mundo!
instagr.am/wilsonnegreiros
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