CineReview: A Casa Sombria mergulha nos mesmos clichês do terror, mas mantém o seu toque original
No filme A Casa Sombria (2020) nos deparamos com o sobrenatural, o medo de encarar a realidade e a incessante dúvida do que está por vir. O gênero do terror pode se reinventar diversas vezes, fica apenas o questionamento se essas modificações serão infinitas ou vai chegar um tempo que não valerá mais a pena insistir nos mesmos acertos.
Esses três tópicos se desenvolvem durante a trama de maneiras distintas, mas que ao final do filme podemos sentir um laço entre eles que é capaz de gerar a tensão necessária para enquadrá-lo como terror. Porém, alguns métodos adotados pelo diretor David Bruckner me soaram ultrapassados e já desgastados.
Sinopse
O filme A Casa Sombria irá contar a história de Beth (Rebecca Hall), uma mulher que ficou viúva após o seu marido, Owen (Evan Jonigkeit), cometer suicídio no lago da sua casa. Mesmo precisando lidar com as fases do luto e com uma vida solitária, Beth começa a perceber sinais estranhos dentro da sua casa, como pegadas de água, porta abrindo sozinha e sombras sem ter alguém por perto.
Ao tentar vasculhar a vida passada do seu marido, Beth descobre que o seu ex-companheiro guardava fotos de mulheres parecidas com ela, todas com as mesmas características. Resta agora saber se o seu casamento foi uma farsa e quais os motivos que levaram Owen a tirar a própria vida.
O terror do avesso
É inegável que em A Casa Sombria é nos oferecido uma atmosfera que beira o tenebroso. O que não é visto, mas sentido, nos apavora na mesma intensidade que acontece com a protagonista. Mas esse assombro não é de agora.
Um ser invisível que anda pela casa, uma mulher que tenta saber o que está acontecendo e uma luta entre os dois para se comunicarem que acaba em sangue. Disso não existe nada novo. Também lançado em 2020, O Homem Invisível, de Leigh Whannell, mesmo sendo um remake, fez um sucesso mundial. Nesse filme, a personagem principal, Cecilia Mess, interpretada por Elizabeth Moss, também precisa superar o luto após o seu marido também cometer suicídio. No enredo, a protagonista também começa um certo combate com uma figura invisível.
Os vários ‘tambéns’ já me levam ao desconforto. Pois ao assistir A Casa Sombria, foi inevitável fazer comparações tão literais. Mas preciso destacar aqui que o trabalho de David Bruckner em guiar um filme que deixa o seu espectador confuso sobre qual plano material-temporal estamos, foi excepcional.
O diretor soube muito bem reinventar o terror trazendo elementos da ficção-científica ao brincar com o espaço-tempo ao colocar a protagonista se assistindo em diferentes paralelos. O aproveitamento da arquitetura – já que a casa é tratada como um dos personagens – foi, mesmo que o mais simples possível, uma ótima alternativa para repensar o terror para além do mórbido. Bruckner bebeu de muitos clichês do terror para tentar buscar novos caminhos, mas a sua trajetória já deixa marcado que ele ainda está ansiando para criar novos gêneros e linguagens em seus filmes. Vale à pena ficar atento ao que está por vir.
Qual a sua opinião?